MOSTRA INTERNACIONAL DE PINTURA em Matera, Itália a partir de 3 de Novembro de 2014 - organização de PINO NICOLETTI
OMAGGIO A MARIA JOAO FRANCO
Ho avuto il privilegio di conoscere Maria e di comunicare
con lei.I nostri discorsi attraversavano il mondo dell'arte,della politica,la
precarietà delle nostre esistenze.
Artista fine,sensibile,assai colta,essa esprime il suo mondo
con le sue poesie e le opere pittoriche. C'è un fondo di malinconia sul suo
viso,come un senso di tristezza esistenziale e di nostalgia per una totalità
frantumata in modo irreversibile,per i paradisi perduti per sempre. I suoi
dipinti sono avvolti in sontuose e inestricabili ragnatele,in cui il tempo ha
un movimento davvero felice. Si avverte come una contrapposizione fra il
vagheggiamento della serenità della natura e quello della transitorietà della
storia. Molto spesso vengono dipinti corpi femminili,misteriosi e
seducenti,come se il mondo venisse interpretato attraverso la categoria della
donna. E' evidente la proiezione di un archetipo femminile presente
nell'inconscio dell'artista,di intonazione simbolista. Qui tutto è in
equilibrio : volumi,colori,contrasto di piani,senso tattile e cinetico dei
valori spaziali in una misura ritmica,che rispecchia gli stati d'animo
dell'artista,che scrive : "la mia pittura non esiste che a partire da
un'attitudine percettiva e riproduttiva. La sua fisiologia diventa essa stessa
ricostruzione sistematica e dinamica nella riformulazione del suo proprio
oggetto detto propriamente referente,denotato o connotato. Essa si plasma
creando assenze,per cui,secondo il mio desiderio,il mistero può forse seguire e
raggiungere altre direzioni".
I dipinti sono come involucri,maschere senza volto intrise
di passione e di tristezza. L'artista testimonia,con la sua ricerca,la
conquista paziente di tanti minuti di poesia. E' una pittura densa di
meditazione e di riflessione,carica di un pathos,che la rende vivente e
materiale. Da questi involucri vuoti in apparenza,dall'arabesco delle loro
ossature,affiorano volti ed immagini che esprimono tutta l'angoscia del nostro
tempo. Dentro quei corpi appena abbozzati c'è una poltiglia di sentimenti,di
affetti e passioni,inseriti in un commosso disegno lirico. I soggetti dipinti
sono come immagini distaccate in un solo cosmorama,complici di un'azione
morale. Le opere sono fatte con le mani,ma sono suggerite dallo spirito,dalla
poesia. Esse si fanno tenere,quasi commosse,dentro un colore quasi
anonimo,sordo,muto,ma il cui esito pittorico acquista tutta la forza del
dettato lirico. Nel tremolio del pennello,nel poco colore intriso e
stemperato,c'è un clima morale che rappresenta emblemi del malessere
quotidiano. I segni,le cicatrici,i lampi,le ombre che arrivano da ogni parte
dell'opera,esprimono la dissoluzione fisica dei corpi e di un mondo ormai privo
di valori. Nelle strutture chiuse dei corpi,fortemente evocatrici e pieni di
mistero,c'è l'archeologia del sentimento della passione. Maria è una
poetessa,che deve ricorrere ai colori per esprimere tutta la sua precarietà e
la disperazione del nostro tempo.
Pino Nicoletti
HOMENAGEM A MARIA JOAO FRANCO
Tive o privilégio de conhecer Maria João e de comunicar com
ela. As nossas conversas atravessavam o mundo da arte,da política,a
precariedade das nossas existências.
Artista fina,sensível, culta,ela exprime o seu mundo com a
poesia e a pintura. Há um fundo de melancolia no seu rosto, como se uma
tristeza existencial,de saudade de uma totalidade desaparecida de modo
irreversível, dos paraísos perdidos para sempre. Os seus quadros estão envoltos
em sumptuosas e inextricáveis teias de aranha,nas quais o tempo tem um
movimento realmente feliz. Advertimos uma contraposição entre a
contemplação/desejo de serenidade da natureza e o da transitoriedade da
história. Muitas vezes, são pintados corpos femininos,misteriosos e
sedutores,como se o mundo fosse interpretado através da categoria da mulher. É
evidente a projeção de um arquétipo feminino presente no inconsciente da
artista,de entoação simbolista. Aqui, tudo está em equilíbrio:
volumes,cores,contraste dos planos,sentido táctil e cinético dos valores
espaciais numa medida rítmica,que reflete os estados de alma da artista. Ela
escreve : " a minha pintura não existe senão a partir de uma atitude
perceptiva e reprodutiva. A sua fisiologia torna-se, ela mesma, reconstrução
sistemática e dinâmica na reformulação do seu próprio objecto dito propriamente
referente,denotado ou conotado. Ela plasma-se criando ausências, através das
quais, segundo o meu desejo, o mistério poderá talvez prosseguir e alcançar
outras dimensões".
Os quadros são como invólucros pintados,máscaras sem rosto
cheias de paixão e tristeza. A artista testemunha,com a sua busca, a conquista
paciente de tantos minutos de poesia. É uma pintura densa em meditação e
reflexão,carregada de um pathos, que a torna viva e material. Destes invólucros
na aparência, do arabesco dos seus ossos,afloram rostos e imagens que exprimem
toda a angústia do nosso tempo. Dentro daqueles corpos apenas esboçados há uma
mistura de de sentimentos,de afectos e paixões,inseridos num comovido desenho
lírico. As figuras/ os sujeitos pintados são como imagens destacadas num único
cosmorama,cúmplice de uma ação moral. As obras são feitas com as mãos,mas são
sugeridas pelo espírito,pela poesia. E tornam-se ténues,quase comovidas,dentro
de uma cor quase anónima, surdomuda, VER, cujo resultado pictórico adquire toda
a força da récita lírica. No tremor do pincel, na pouca cor introduzida e
destemperada, há um clima moral que representa emblemas do mal estar
quotidiano. Os signos/sinais, as cicatrizes, os lampejos, as sombras que chegam
de toda a parte da obra,exprimem a dissolução física dos corpos e de um mundo
agora privado de valores. Nas estruturas fechadas dos corpos,fortemente
evocadoras e plenas de mistério, existe a arqueologia do sentimento da paixão.
Maria é uma poetisa, que tem de recorrer à cor para exprimir toda a sua
precariedade e desespero do nosso tempo.
Pino Nicoletti
trad de Dra Armandina Maia
MATERA, Capital Internacional da Cultura em 2019