É importante dar feedback aos criadores_faz parte da envolvência cultural
Exm.ª Senhora Dr.ª Maria João Franco
Estimada Artista
Peço muita desculpa por invadir a sua caixa de correio.
Sou um colaborador (e amigo) do Dr. Guilherme Valente, e, visitei recentemente a sua exposição no MAC. Tendo visto já obras da sua autoria e tendo ficado “fã”, não poderia deixar passar mais tempo sem expressar a minha opinião de “leigo”, mas também de apreciador que acha importante dar feedback aos “criadores”.
Permita-me e perdoe-me a minha franqueza e esta minha tomada de liberdade e também os possíveis erros nos títulos dos seus trabalhos.
Tenho um enorme fascínio pela criação e pelos que criam e assim brindam e valorizam a comunidade com os seus trabalhos.
É evidente que as suas obras apresentadas possuem uma estética com marca bem forjada e personalizada, com o selo de qualidade da respectiva autora. Está gravada a grande maturidade da artista, isso percebe-se intuitivamente ao primeiro olhar.
As obras mostram um trabalho de mistura de cores nobre, denotando grande mestria e elaboração que apercebemos não ser aleatória nem passageira. Há intenção, há firmeza, há libertação, há afirmação, há uma cascata de inspiração sucessiva materializada na tela. Absorve-se a capacidade de trazer à luz do dia um “todo” muito interessante, algo intimista e uma harmonia de conjunto e de textura global que fica bem na retina, no diálogo com cada apreciador, mas um diálogo que também ele é íntimo. Temos portanto uma intimidade susceptível de se transmitir do artista para o apreciador da arte e de interagir com este.
Cada obra tem de ser aberta pelo observador, tem de se revelar perante um olhar que não se limita a “ver” somente, mas que sobretudo trata de descobrir as possíveis confidências subjacentes, exigindo uma contemplação cuidada e também madura, se o projecto é ir mais profundamente ao encontro das mensagens que se encontram em cada tela.
Há, apesar do conjunto - que faz sentido por ser interligado - em termos cromáticos e temáticos, toques de contraste (assim é em “Planeta dos Macacos” e também por exemplo em “Não, Não Abro Mão da Minha Maré”) e conteúdos propositadamente não revelados, por isso, a riqueza é consequentemente maior. Ocorre igualmente um importante desafio lançado ao fascínio da imaginação de cada observador. Naturalmente encontram-se elementos de sublime sensualidade. Assim é em “íntimo”, um trabalho soberbo que nos convida a levantar cortinas intencionalmente colocadas (talvez o meu preferido).
A agregação de partes que forma um objecto, uma potencial figura, um corpo ou conjunto de corpos ou objectos e seus pormenores descobertos, constituem uma grandeza de conjunto que nos transcende e que assim se engrandece, com uma dada identidade que suscita reflexão e respeito.
Em termos de interpretação – necessariamente subjectiva e especulativa – direi que atrás do que “parece” ser sólido, por vezes sóbrio e até politicamente correcto (e não será exactamente assim), surge mais ou menos explícito o intenso sentimento e até alguma fragilidade e/ou delicadeza bem típica e humana das emoções. Como se muros agrestes e dificuldades fossem sendo superados por soluções encontradas em cada tela, num combate entre o doce e o amargo, o fácil e o muito difícil (por exemplo). O resultado é uma vitória do equilíbrio, de um bom senso, é uma solução espelhando que a intenção ficou bem gravada, mas deixou abertas novas possibilidades. Isso mostra que é verdadeira arte: liberdade! Cada tela mostrará vivências, as quais se podem pressentir e até captar e trazer connosco, porventura recriando-as e dando-lhes novas vidas.
Na contemplação destes trabalhos encontramos alguma homogeneidade, mas também diversidade, como atesta “The dog man” com a sua peculiar selecção de cores e o belo movimento que se capta imediatamente e que cativa os olhares.
Há obras que nos fazem ajoelhar pela satisfação que nos geram, pelo deleite que suscitam, pelo respeito que fazem brotar face à estética e ao excelente efeito cromático. A sua é sem sombra de dúvida uma delas.
Muitos parabéns!
Com as minhas mais cordiais saudações.
Rodolfo Miguel Begonha
Estimada Artista
Peço muita desculpa por invadir a sua caixa de correio.
Sou um colaborador (e amigo) do Dr. Guilherme Valente, e, visitei recentemente a sua exposição no MAC. Tendo visto já obras da sua autoria e tendo ficado “fã”, não poderia deixar passar mais tempo sem expressar a minha opinião de “leigo”, mas também de apreciador que acha importante dar feedback aos “criadores”.
Permita-me e perdoe-me a minha franqueza e esta minha tomada de liberdade e também os possíveis erros nos títulos dos seus trabalhos.
Tenho um enorme fascínio pela criação e pelos que criam e assim brindam e valorizam a comunidade com os seus trabalhos.
É evidente que as suas obras apresentadas possuem uma estética com marca bem forjada e personalizada, com o selo de qualidade da respectiva autora. Está gravada a grande maturidade da artista, isso percebe-se intuitivamente ao primeiro olhar.
As obras mostram um trabalho de mistura de cores nobre, denotando grande mestria e elaboração que apercebemos não ser aleatória nem passageira. Há intenção, há firmeza, há libertação, há afirmação, há uma cascata de inspiração sucessiva materializada na tela. Absorve-se a capacidade de trazer à luz do dia um “todo” muito interessante, algo intimista e uma harmonia de conjunto e de textura global que fica bem na retina, no diálogo com cada apreciador, mas um diálogo que também ele é íntimo. Temos portanto uma intimidade susceptível de se transmitir do artista para o apreciador da arte e de interagir com este.
Cada obra tem de ser aberta pelo observador, tem de se revelar perante um olhar que não se limita a “ver” somente, mas que sobretudo trata de descobrir as possíveis confidências subjacentes, exigindo uma contemplação cuidada e também madura, se o projecto é ir mais profundamente ao encontro das mensagens que se encontram em cada tela.
Há, apesar do conjunto - que faz sentido por ser interligado - em termos cromáticos e temáticos, toques de contraste (assim é em “Planeta dos Macacos” e também por exemplo em “Não, Não Abro Mão da Minha Maré”) e conteúdos propositadamente não revelados, por isso, a riqueza é consequentemente maior. Ocorre igualmente um importante desafio lançado ao fascínio da imaginação de cada observador. Naturalmente encontram-se elementos de sublime sensualidade. Assim é em “íntimo”, um trabalho soberbo que nos convida a levantar cortinas intencionalmente colocadas (talvez o meu preferido).
A agregação de partes que forma um objecto, uma potencial figura, um corpo ou conjunto de corpos ou objectos e seus pormenores descobertos, constituem uma grandeza de conjunto que nos transcende e que assim se engrandece, com uma dada identidade que suscita reflexão e respeito.
Em termos de interpretação – necessariamente subjectiva e especulativa – direi que atrás do que “parece” ser sólido, por vezes sóbrio e até politicamente correcto (e não será exactamente assim), surge mais ou menos explícito o intenso sentimento e até alguma fragilidade e/ou delicadeza bem típica e humana das emoções. Como se muros agrestes e dificuldades fossem sendo superados por soluções encontradas em cada tela, num combate entre o doce e o amargo, o fácil e o muito difícil (por exemplo). O resultado é uma vitória do equilíbrio, de um bom senso, é uma solução espelhando que a intenção ficou bem gravada, mas deixou abertas novas possibilidades. Isso mostra que é verdadeira arte: liberdade! Cada tela mostrará vivências, as quais se podem pressentir e até captar e trazer connosco, porventura recriando-as e dando-lhes novas vidas.
Na contemplação destes trabalhos encontramos alguma homogeneidade, mas também diversidade, como atesta “The dog man” com a sua peculiar selecção de cores e o belo movimento que se capta imediatamente e que cativa os olhares.
Há obras que nos fazem ajoelhar pela satisfação que nos geram, pelo deleite que suscitam, pelo respeito que fazem brotar face à estética e ao excelente efeito cromático. A sua é sem sombra de dúvida uma delas.
Muitos parabéns!
Com as minhas mais cordiais saudações.
Rodolfo Miguel Begonha
por email/ 12-11-2009 18:49
Etiquetas: análise
1 Comentários:
...quem nos dera ter mais destes 'leigos' a comentar o nosso trabalho.
Claro que nem todos conseguem palavras elogiosas como estas, totalmente merecidas no teu caso, mas comentários, positivos ou não, ajudam a crescer e a melhorar.
A exposição está fantástica.
Continuação de bom trabalho MJF.
PC
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