Para "MULHER E EU"
A minha pintura não existe a partir de uma atitude perceptual ou reprodutora. A sua "fisiologia" advem de uma acção sistemática e dinâmica de reconstrução ou (e) reformulação do seu próprio objecto. Aqure forças e vectores que se interligam por ua forma quase auto biográfica.
A "forma "visual tem a forma do sentir ,do arrancar,do dissociar para reconstruir.
Essa dissociação constante,essa reavaliação persistente,essa dinâmica latente contem toda a poética da minha obra.
Cada imagem criada conterá já em si o potencial para a sua auto-reconstrução.
Isto é um processo mental que me ultrapassa na sua mecânica. Mas é assim e sistemático, não no acto do destruir para reconstruir dentro da mesma identidade, com o distanciamento necessário para a não repetição em acto contínuo, desconstextualizando-se para se igualar.
Não é uma história de repetições mecânicas de formas inventadas.
Assisto a uma "regeneração" constante e imanente de cada forma e de cada imagem objecto em si.
Não repetindo-se.mas prolongando-se em séries que se autodeterminampelo modo como são abordadas.
série "estórias...encontros"
2007
Ao libertarem-se das imagens primeiras,criam uma vida própria,inserta numa sintomatologia própria.
Ao atribuir título às séries estou a denotá-las com situações extremas, carentes de análise.
"mitologias "1,2,3"Terra de Mitos" Corpos Estranhos"
-"amanhecer da memória..."*
-"Terra de Mitos"**
-"Corpos Esranhos"
-"nós os nús e os outros objectos"***
-"lugar dos desencontros ou os sítios da memória"****
- "tu vens tão perto...que a distância existe"*****
-"Mulheu e EU"*****
são situações "alegóricas" a estados do sentimento de estar.
O fio condutor destas mensagens passam pela relação existencial entre mim e o mundo , ora inscrevendo-me nele como peça sujeita a todas as manipulações e as memórias percorridas pela sensação de ter estado, até á constatação efectiva da existência de um EU gerador e distanciado suficientemente da ideia para poder discernir.
ver texto*
"Mulher e EU" e "amanhecer da memória"são talvez pontas de iceberg que se desnudam a cada passagem das horas.
Fiz-me ao Mar
nua,
sem barco.
Fiz-me ao Mar
nua,
sem velas,
fiz das estrelas
caravelas
para nelas navegar...
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Casa e Jardim 255 _a propósito de_ "CORPOS ESTRANHOS"1999/Galeria TREMA
E aqui, Maria João Franco,"fala-nos" um pouco por séries como,
por exemplo, da condição humana,através da queda de todos
os desencantos.
"Silêncio de Organa","Nós os outros" e "Corpos Estranhos"
são pois algumas designaçãoes soltas, embora inscritas
no mesmo tipo de discurso e de relação com a identidade das obras expostas.
Assim, de desenho em desenho, de pintura em pintura, os corpos
ou dormem em nome de Deus,
ou estão simplesmente mortos,
mutilados,
gritando sem voz a sua derradeira nudez...`
É gente privada de rostos, por vezes das mãos, e dos pés,
no acaso do destino ou de um enquadramento oprssivo.
A luz, por seu turno, chega a essas massas de matéria orgânica,
submersa no anonimato...
E também não se sabe como tal acontece,
nem como os fragmentos desse mundo antropomórfico,
a fazer emergir do abismo apenas os volumes individuais que resultaram
do último alento,
do último gesto de amor,
da última ilusão...
Junho,1999
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