Mulher e Eu||MAC Movimento Arte Contemporânea
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PINTURA
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…sobre
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A pintura (minha) não existe a partir de uma atitude perceptível ou reprodutora.
A sua “fisiologia” advém de uma acção sistemática e dinâmica de reconstrução ou reformulação do seu próprio objecto. Adquire forças e vectores que se interligam por uma forma quase autobiográfica. A “forma” visual tem a forma do sentir, do arrancar, do dissociar para reconstruir.
Essa dissociação constante, essa reavaliação persistente, essa dinâmica latente contem toda a poética da minha obra.
Cada imagem criada conterá já em si o potencial para a sua auto-reconstrução.
Isto é um processo mental que me ultrapassa na sua “mecânica”. Mas é assim e sistemático, não no acto voluntário, mas no automatismo do desconstruir para reconstruir dentro da mesma identidade, com o distanciamento necessário para a não repetição , acto contínuo descontextualizando-se para se igualar.
Não é uma história de repetições mecânicas de formas inventadas.
Assisto a uma regeneração constante e imanente de cada forma e imagem ,objecto em si não repetindo-se, mas prolongando-se em séries que se autodeterminam pelo modo como são abordadas .
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Ao atribuir títulos ás séries estou a denotá-las com situaçãoes extremas,carentes de análise:
-nós os nus e os outros objectos “
-lugar dos desencontros ou os sítios da memória…
-tu vens tão perto… que a distancia existe
-Mulher e Eu
São situações alegóricas a estados do sentimento do estar.
O fio condutor destas mensagens passam pela relação necessária existencial entre mim e o mundo, ora inscrevendo-se nele como peça sujeita a todas as manipulações e as memórias percorridas pela sensação de ter estado, até à constatação efectiva da existência de um EU gerador e suficientemente distanciado da ideia para poder discernir.
Mulher e Eu é talvez a ponta do iceberg que se desnuda a cada passagem das Horas.
Um modo de estar percorrido por toda uma simbologia plástica ligada a uma formalização antropomórfica em que o útil objecto pagão se mistura não alienadamente, nem de forma aleatória com o sagrado.
Com um sagrado de sentido universalizante que emana de todos sentidos ( sinais ) de começo do Mundo – dos mundos…
Da Mulher à mulher
Das Vénus às Santas
De que uma é eleita Virgem.
Nada nesta dualidade “começo e fim” de todas as coisas, onde mesmo a Terra tem lugar de Mãe, afirma ou confirma o lugar de “macho”.
Há sim um universo plástico onde a Forma-Mãe se concebe como principio e fim de todas as CRIAÇÕES.
Maria João Franco
Maio 2006
Etiquetas: Pintura 2006
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